um Teu Idiotismo
"O rosto enganador deve ocultar o que o falso coração sabe."
William Shakespeare
Passam transeuntes-marinheiros nos caminhos de pedra ordinários de cuspo defronte de mim. Meu rosto estátua de mármore negro sepultado num olhar de crepúsculo. Olho-os com neblina bastante em meus pés da Consciência que chora a ceguez nítida de dias longos de emoção.
Enquanto passam solas gastas de tempo e ponteiros cansados de milénios, velo em silêncio os transeuntes-marinheiros de perturbação moral que transpõem locais. A sensibilidade que satisfaz nas dedadas de cada letra escrita permanece lugubremente em base de túmulo, no sossego execrável, no escrutínio das decisões, e por ora eu estátua-viva num olhar forte e fixo em idiotismos de face esquecida.
Exprimo por palavras esta incapacidade de toque - um transeunte que não marinheiro nem corpo publicamente conhecido, um anónimo gesto com forma humana que não fiel nem hostil; este todo que constitui unidade orgânica e inorgânica repassou em mim sobranceria menosprezadora. Grassa em meu corpo o inútil da pedra não de mim, mas da ausência da jangada de negligência em me não aguardar por períodos de tempo na disposição de afectos - não os sei partilhar a todo o instante, magis o que sinto é porventura excelso.
Passou mais um tronco humano que se tornou alheio à minha sepultura caiada de pele.
Rúben De Brito
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