terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A Deus

Almada, 23.01.12

    O meu pensamento tem sido somente Deus. Nos últimos tempos teimo em encontrá-lo. Esta procura ressurge em mim de um modo tão premente. Acorda e adormece comigo esta dicotomia entre Homem e Deus; assombra-me a realidade de sair de casa e, pelo corredor do patamar, encontrá-lo á minha espera, por duas razões, a saber: não ter aberto a porta de casa quando Ele bateu e eu não ouvi, nem ter a esparsa esperança da Sua existência. Se porventura achar tal Trindade ajoelhar-me-ei, pedindo perdão.

    Em todos os rostos tenho-O visto a olhar para mim, e nunca me sorri, nunca teve um hábil gesto de simpatia ou generosidade. Tem-me castigado com pensamentos desertores da minha própria identidade. Tenho sofrido o mesmo que Ele – Inimizade e Desacreditação.  Nunca tive tanta gente ao meu lado, não obstante, tenho mergulhado numa solidão interior maior que nunca, nas trevas do meu abismo humano. Não existe compreensão possível para isto, não existe nada além do meu receio de expressar a angústia castradora do meu pensamento.

    Todos os dias mutilo-me um pouco mais na esperança de encontrar Deus em mim. Espremo a Bíblia ao peito como se dela pingasse um Deus glorioso que me conceda a salvação do ser. O meu medo não é o de morrer ou pecar e ser punido perante um julgamento cheio de gente celestial; o meu medo é o sofrimento da vida e o pensar que só existe o plano físico do universo.

    Rezo quando considero necessário, acredito-O quando me convém, e isto porque o meu pensamento diz que Deus não existe, mas os meus olhos querem vê-Lo e a minha boca chama-O. 

Rúben De Brito

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